Educação 4.0: o desafio de preparar os jovens do futuro

Uma considerável maioria dos professores ainda não está preparada para usar a tecnologia na sala de aula

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12:00 pm - 09 de maio de 2019

Um dos maiores desafios da nossa geração é preparar nossos jovens e crianças para o futuro, este que muda constantemente e cada vez mais rápido, com o qual estamos nos habituando e criando estratégias para superar nossas limitações e a escola tem um papel fundamental nesse processo de mudanças. Porém, a instituição encontra muitas dificuldades para formar as novas gerações em um modelo de educação 4.0, pois boa parte dos professores não foi treinada nas novas tecnologias que podem ser utilizadas no cotidiano escolar, bem como nas tecnologias educacionais que podem sustentar o aprendizado 4.0.

Para entender esse processo, precisamos voltar na história de forma simplificada e compreender que o modelo que temos hoje de escola iniciou-se no século XVI, onde a nova burguesia renascentista europeia contratava um professor ou preceptor para ensinar várias crianças dessa classe e assim surge o modelo de centro escolar que temos hoje, com salas de aula, professores especialistas e disciplinas separadas para aprofundar a abordagem de cada um dos assuntos estudados.

O século XX traz um novo paradigma para a educação que após a Revolução Industrial precisava formar uma grande quantidade de mão de obra em um curto espaço de tempo e além da alfabetização, criou-se a necessidade de cursos técnicos profissionalizantes que fizessem com que os jovens pudessem entrar para o mercado de trabalho mais rápido e com conhecimento técnico suficiente para operar máquinas.

O desafio do século XXI é não só integrar as novas tecnologias na escola, como a inteligência artificial (IA), a internet e a internet das coisas (IoT), mas de gerar um novo modelo mental baseado na ‘cultura maker’, ou seja, ter liberdade para implementar novos modelos e testar soluções, buscando uma cultura de inovação, criatividade e resolução de problemas, que são habilidades que o mercado atual tem buscado em seus profissionais.

Então, como a escola pode fazer essa transformação, mesmo sem muitos recursos tecnológicos, pois muitas ainda não tem a possibilidade de adquiri-los? A resposta é mudando o ‘mindset’ de alunos e professores por meio do trabalho colaborativo.

A professora Karen Andrade no seu artigo “Guia Definitivo da Educação 4.0”, nos aponta algumas soluções metodológicas, de baixo custo, mas que na minha experiência como educadora e mentora de negócios no segmento educacional comprovam que podem mudar a educação de forma definitiva, a saber:

-Ensino híbrido: é a utilização de recursos online e off-line, como plataformas de EAD, redes sociais, e outras tecnologias onde o professor pode compartilhar conhecimento com seus alunos e depois trazer essas pesquisas para o ambiente escolar off-line.

-Aprendizagem baseada em projetos: o trabalho com projetos educacionais, para mim, é um dos grandes recursos que a escola possui e ainda é muito pouco explorado, pois com um projeto direcionado pelo professor os alunos aprendem diversos conceitos dos conteúdos que podem ser interdisciplinares, multidisciplinares ou não, mas que desenvolvem não só a autonomia de estudo, também a criatividade, a inovação e a resolução problemas, habilidades essenciais para o mercado atual.

-Sala de aula invertida: conceito onde o professor envia o material a ser estudado antes das aulas (online ou off-line) e durante as aulas os alunos debatem o que foi estudado em casa e tiram suas dúvidas com a turma, tendo o professor como orientador.

-STEAM: desenvolvimento de trabalhos multidisciplinares usando ciência, tecnologia, artes, engenharia e matemática. Acrescentaria que conteúdos de humanas como história, geografia e línguas também podem ser inseridos com sucesso nesse processo.

-Cultura maker: a ‘cultura maker’ se baseia diretamente no ‘aprender fazendo’ e na ‘aprendizagem criativa’, por meio da prática, o aluno desenvolve habilidades criativas e de resolução de problemas.

Assim sendo, não há impedimentos para que a escola adote a educação 4.0, faltando muitas vezes conhecimento técnico especializado para treinar equipes pedagógicas, implementar os projetos mais adequados para cada realidade escolar e fazer o acompanhamento desse processo nas escolas. Porém, é de suma importância que as escolas se atentem para isso o quanto antes, para que não fiquemos ainda mais atrasados nesse processo, e possamos formar novas gerações preparadas para os novos desafios de um mundo tecnológico e colaborativo.

Por: Patrícia Crepaldi, mentora de Educação da ABMEN

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