“e² + g² = s²”: a fórmula para o sucesso de uma startup

O primeiro passo é saber que empreendedores excepcionais são a chave para o sucesso de um negócio

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por IBGC
10:00 am - 09 de setembro de 2020
sucesso startup Man hand on dark background using startup digital neon interface 3D rendering

Foram alguns dias pensando em um título provocador para este artigo. Queria tratar os temas de governança e empreendedores excepcionais, que mencionei em meu artigo de 13 de julho. E, com esta alquimia, poder descrever o quanto esta combinação é valiosa para o sucesso de uma startup.

Então resolvi fazer uma analogia ao Teorema de Pitágoras para o tema – “a resultante da soma de um empreendedor excepcional (e2) a uma boa governança (g2) é uma startup de sucesso (s2).”

Falemos do primeiro elemento da equação. Empreendedores Excepcionais são a chave para o sucesso de um negócio. Após tantos anos neste meio, aprendi muito com eles. Ou seja, devo ter conhecido e conversado com algo próximo de mil empreendedores, talvez mais. Há pouco mais de uma semana, um dos primeiros que tive a oportunidade de conhecer apareceu na mídia especializada por ter fechado uma rodada de captação série B com uma gestora de Venture Capital internacional.

Um a conversa e uma reflexão

Eu o conheci bem no início de minha jornada neste mundo das startups, em 2014, quando tinha recém-saído da carreira executiva. Ele foi ao meu escritório e contou sua história e aonde pretendia chegar. Assim, foram quase três horas de conversa. À noite, conversando com minha esposa, comentei sobre o quão impressionado eu havia ficado com ele, e concluí dizendo a ela: “Quero que nossos filhos tenham um pouco deste rapaz quando crescerem”.

A conversa com esse empreendedor foi o ponto de partida para uma reflexão. As grandes mentes recém-saídas das faculdades estavam migrando das carreiras convencionais para empreender. Este pensamento evoluiu para a tese de que o empreendedor é o principal critério para a tomada de decisão de um investimento. Não é o único, importante deixar claro, mas o principal, na minha visão.

Desde aquele momento, passei a desenvolver uma lista de habilidades que busco identificar quando converso com empreendedores. Portanto, ela continua a ser uma “work in progress list”: energia, carisma, coragem, perseverança, resiliência, curiosidade, capacidade de aprender e capacidade de execução. Por hábito e vício da época de minha carreira anterior, pontuo estes itens após uma primeira conversa e daí prossigo.

Da lista, um item ao qual dou atenção especial é a coragem. Tenho estampadas na parede de meu escritório duas frases que me levam a isso, de duas referências em épocas distintas: “A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras” (Aristóteles) e “Todos os nossos sonhos podem se tornar realidade se tivermos a coragem de persegui-los” (Walt Disney).

Mesmo tendo aprimorado modelos e critérios de avaliação de investimentos ao longo destes anos, ainda acredito que o principal determinante da decisão é sair de uma primeira conversa com o empreendedor ávido pela próxima. Empreendedores excepcionais provocam nossa curiosidade, fazem-nos querer conhecê-los mais e entendê-los melhor, encantam-nos com seu sonho. Ou seja, empreendedores excepcionais, como já mencionado, “movem montanhas”.

E a boa governança?

Como ela compõe esta equação? Em sua tradução mais simples, a governança trata do ato de governar, dirigir, ter mando e dar direção.

Assim, a governança é construída tijolo a tijolo. A boa governança se dá pela capacidade do empreendedor de dosar as boas práticas de forma adequada ao momento da empresa, os tijolos certos bem assentados e nos lugares certos, nem mais nem menos. Como mostra o guia Governança Corporativa para Startups e Scale-ups, saber balancear os pilares da governança ao momento de maturidade do negócio.

A junção das competências do empreendedor às boas práticas de governança cimentadas tijolo a tijolo na dose necessária e no momento adequado é o que chamamos no mundo dos negócios de perfect fit.

A fórmula do sucesso de uma startup aparentemente é simples. No entanto, ela é muito complexa porque depende de habilidades que não se aprendem somente nos livros. É aí que a mágica acontece entre o empreendedor e a governança.

* Giancarlo Berry é sócio da AcNext Capital e membro da Comissão de Startups e Scale-Ups do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)

* Este artigo é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC

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