Conectando Sistemas de Missão Crítica na Nuvem – Parte I – Benefícios

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11:24 am - 03 de julho de 2017

A conexão dos sistemas de missão crítica das empresas com a nuvem abre um universo de oportunidades para as corporações, ao mesmo tempo em que gera várias novas ‘dores de cabeça’.

No intuito de garantir o funcionamento ininterrupto dos sistemas de missão crítica das empresas, seus profissionais da área de Tecnologia da Informação consideram este tipo de conexão como sendo perigoso. De fato, a conexão impensada de sistemas de missão crítica com o mundo da computação em nuvem pode trazer dificuldades que vão muito além das questões de segurança.

Por outro lado, na medida em que a utilização da computação em nuvem se torna cada vez mais ampla, os benefícios que podem ser colhidos pelas empresas ao conectarem seus sistemas de missão crítica na nuvem são cada vez maiores.

Neste texto apresentamos alguns desses benefícios. Na Parte II analisaremos os cuidados essenciais para que a integração proposta seja bem sucedida.

Computação em Nuvem: muito além da infraestrutura

A computação em nuvem é vista por muitos que a acompanham desde seu nascimento como uma alternativa à gestão de infraestrutura interna de TI: em vez de comprar e manter um parque cada vez maior de servidores e outros equipamentos dentro da empresa, estes são alocados (de acordo com as necessidades) e gerenciados em ambientes externos, cuja propriedade é de terceiros (os provedores de nuvem). Discussões sobre nuvens públicas, privadas e híbridas são o resultados deste enfoque.

Entretanto, a computação em nuvem se transformou em mais uma ferramenta de remoção das fronteiras entre países: se há algumas décadas se discutia o tráfego transnacional de dados (e ainda há quem insista em legislar sobre o tema), hoje a computação em nuvem permite que equipes compostas por profissionais geograficamente dispersos ao redor do planeta trabalhem de forma cooperada para atender demandas anteriormente inatingíveis ou restritas a grandes empresas multinacionais, com usuários em qualquer ponto do planeta.

A divisão tradicional existente na indústria de TI, onde as grandes empresas multinacionais focavam em produtos de uso global, deixando as oportunidades locais para suas redes de parceiros locais, está desaparecendo: com o advento da nuvem, o custo de atingir oportunidades de mercado menores caiu, tornando-as atraentes para essas empresas maiores. Simultaneamente, problemas abordados por startups frequentemente possuem potencial global (Uber, AirBNB, Waze, Skype são exemplos bem conhecidos disto).

As grandes empresas, intensivas no uso de TI ao ponto de dispor de sistemas de missão crítica, não podem deixar de acompanhar este movimento. Pelo contrário, a denominada “economia das APIs” elimina barreiras entre as empresas de TI e as dos outros setores da economia: no mundo da nuvem elas também são concorrentes entre si. As empresas chamadas de ‘fintechs’, ‘edutechs’, etc. são empresas de tecnologia que, em vez de prover seus serviços para os clientes tradicionais da indústria de TI, buscam atender diretamente os clientes finais desses clientes.

Corporações Abertas

A estratégia de “dados abertos” executada no nível de governos, também faz sentido no universo corporativo (com a única diferença que, por se tratar de um sistema privado, o gestor dele pode impor cobranças pelo acesso à informação, se assim julgar conveniente).

Consumidores podem acompanhar as empresas das quais são clientes da mesma forma que os cidadãos acompanham seus governos. Desenvolvedores de software que não pertencem ao governo nem às empresas podem usar as funcionalidades disponibilizadas como APIs públicas para gerar soluções inovadoras – a concretização da chamada “inovação aberta”.

Internet das Coisas

As “coisas” conectadas na Internet são na verdade pequenos computadores contendo sensores que se comunicam com outros computadores sem interação humana, através da nuvem: não existiria Internet das Coisas sem a computação em nuvem (continuaríamos a chamar de ‘software embarcado’).

Os benefícios da Internet das Coisas para as empresas que possuem sistemas de missão crítica também são muito significativos – seja na construção de plantas industriais flexíveis (chamadas de Indústria 4.0), seja no monitoramento dos bens e serviços que a empresa produz após a venda deles aos clientes ou consumidores, seja pela inserção destes em cidades inteligentes, etc.

Em todos os casos, a integração destes novos milhares de computadores sem interface humana (as “coisas conectadas”) com os sistemas de missão crítica passa necessariamente pela computação em nuvem: a construção de redes privadas para este fim não apenas torna o custo inviável como eliminaria muitos dos benefícios esperados pelos clientes, usuários e cidadãos.

Atendimento Omnicanal

Outra tendência irreversível, aplicada por empresas de todos os portes, passa pela disponibilização de seus produtos e serviços através de um número cada vez maior e simultâneo de canais: em muitas empresas, as lojas físicas convivem com atendimento prestado por call centers, com lojas virtuais disponíveis na web, com aplicativos móveis, com merchandising em ambientes de realidade virtual, etc. A simples existência desta variedade de canais é chamada de atendimento “multicanal”.

Em todos estes canais, procurando melhorar a experiência dos usuários na interação com a empresa, criam mecanismos de “customização”, consistentes em conjuntos de opções que permitem aos usuários configurar o acesso aos produtos e serviços da empresa de acordo com as suas preferências.

Na medida em que o número de canais cresce, entretanto, começa a haver sobreposição entre as preferências manifestadas nos vários canais. Para evitar a frustração dos usuários configurando em cada canal as mesmas preferências que já configuraram em outros, passa a ser necessário compartilhar essas informações entre os vários canais de atendimento.

Os sistemas de missão crítica não foram preparados para armazenar essas preferências, nem deveriam sé-lo (já que preferências de usuário não são ‘críticas’ para a missão). As informações que melhoram a experiência do usuário ‘omnicanal’ devem ser armazenadas na nuvem, e acessadas pelos canais que delas precisarem.

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