A importância de ser visto através dos outros

Um dia estava em uma entrevista de emprego e me perguntaram: por que você acha importante comunicar-se com a imprensa? Eu disse: quanto tempo tenho para responder? Um traço comum que observo nas empresas, sejam elas de qualquer tamanho ou indústria, é a tendência que possuem de ensimesmar-se, de concentrar-se em sua própria vida, processos e rotina, esquecendo-se de que a única razão pela qual existem é a importância que possuem para a sociedade. 

Como consequência desse fechamento, funcionários vão criando cada vez mais repertório para falar de seu produto, serviço e mercado e cada vez menos capacidade de relacionar o que fazem com o que o mundo precisa. É um universo paralelo e perigoso que pode gerar falsas percepções.

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Por isso gosto mundo de conduzir treinamento de porta-vozes, pois são uma grande oportunidade de chacoalhar a cabeça das pessoas para que reflitam como a sua atividade está ajudando a solucionar os grandes problemas do mundo. Se não está, há algo de podre no reino da Dinamarca e devemos ficar atentos!

Mas, voltando ao meu antigo processo seletivo, vou tentar resumir aqui alguns pontos importantes da relação empresa-imprensa. Usarei a palavra “imprensa” para simplificar, mas aqui podemos colocar todos os grupos que influenciam comportamentos e decisões, como entidades de classe, analistas, investidores, personalidades e assim por diante.

Histórias mudam conforme referências

Quantas histórias as empresas já julgaram sensacionais e receberam inúmeras críticas quando foram colocadas à prova? Por quê? Porque as histórias ressoam iguais dentro de um mesmo grupo, com pessoas de referências parecidas. Os mesmos fatos podem ser interpretados de formas completamente diferentes por outros grupos. Lembram aquele antigo hábito de fazer focus groups? É sempre bom testar a história sob várias perspectivas e a imprensa é um grande focus group!

Jornalistas são filtros

Jornalistas são treinados para fazer perguntas e para confrontar nossa versão dos fatos com o que mais tememos. Já escutei várias críticas sobre determinado jornalista não ter conhecimento técnico suficiente. Então esclareço: ele não precisa ter. Provavelmente sabe bem mais do que o leitor que será seu cliente, portanto se você não conseguir explicar o que faz para ele, quem dirá para seu cliente! 

Aprendemos a lidar com um canal não-proprietário

Apesar de toda a modernidade, novas empresas perdem para as tradicionais no que diz respeito a canais não proprietários. As empresas que nasceram há 10-15 anos cresceram em plena proliferação de redes sociais e ferramentas digitais. Assim, estão muito acostumadas a controlar a sua própria narrativa e o fazem muito bem. Mas a construção de nossa marca é feita também pela opinião de pessoas que não estão diretamente ligadas à empresa, mas exercem influência sobre decisão de compra, parcerias ou investimentos. E para lidar com esse público, é necessário usar de canais não proprietários, em que a entrega final pode variar bastante do previsto.

Imprensa é um grande canal de distribuição

Independente se estamos falando da grande imprensa tradicional, de novos portais ou de veículos de nicho, todos têm o poder de atingir muitas pessoas de uma só vez, tornando-se um importante canal para a empresa posicionar-se. É muito difícil, principalmente no começo de uma operação, que você atinja tantas pessoas com um investimento tão baixo. (vamos deixar claro aqui que não se paga pela notícia e sim pelas pessoas que trabalham para fazer a assessoria de imprensa).

Se algo saiu errado, antes de culpar a imprensa, é necessário entender por que a mensagem não saiu exatamente como planejamos. Será que estamos usando um vocabulário que só faz sentido para nós mesmos? Será que estamos achando nosso produto melhor do que é realmente? Será que não vimos alguns obstáculos no caminho? Para mim, sob todos os ângulos, o olhar do outro apenas nos faz refletir e melhorar, sendo um importante e constante lembrete para reinserirmos nossa empresa na sociedade.