Como o legado de sistemas dificulta a implementação da transformação digital

Legado existe e vai continuar por aí, mas os negócios que aprenderam a lidar melhor com ele certamente vão se diferenciar

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3:35 pm - 02 de junho de 2021

Já comentei algumas vezes nesta coluna que a transformação digital está ligada a alguns fatores que passam por uma mudança interna de ter um mindset digital, pelo fato de adotar a tecnologia para melhorar o desempenho, ganhar mais produtividade, agilizar processos e agregar mais valor à experiência do cliente, e por pessoas que são a base para que as inovações e transformações possam vir à tona. Só que um dos principais desafios enfrentados pelas empresas na corrida da digitalização chama-se legado. As empresas têm sistemas, linhas de código, integrações que acabam sendo core, mas que muitas vezes são antigas e com limitações de velocidade e modernidade, em alguns casos até minando a inovação.

Nós da Samba fomos atrás de confirmar se essa hipótese era realmente uma realidade. De acordo com o estudo da Pesquisa “Transformação Digital no Brasil” realizada pela Samba Digital, unidade de negócios focada em transformação digital criada pela Sambatech, com mais de 100 representantes do mercado nacional onde 90% deles ocupam cargos de liderança ou diretoria, 44,2% dos respondentes afirmaram que o legado dos sistemas existe e atrapalha de certa maneira a implementação de inovações. Ainda 23,1% consideram a arquitetura da empresa moderna, e 16% consideram sua tecnologia completamente obsoleta.

E, segundo o cruzamento de dados e a análise de respostas provenientes dos negócios que afirmaram ter sistemas obsoletos, 23,5% deles são instituições com faturamento de até 10 milhões e 23,5% possuem acima de 1 bilhão. Essas informações demonstram que tanto os grandes quanto os pequenas negócios enfrentam problemas em relação a sistemas antigos.

Esses dados escancaram uma realidade dura e comum: o legado faz parte dos negócios e as empresas precisam saber lidar com eles da melhor forma possível. O que eu tenho visto como modelo vencedor é começar a transformação pelos flancos, porque iniciar pelo core pode ser caro, lento e em alguns casos perigoso. Ao trazer arquiteturas modernas para aplicações que estão plugadas ao legado as empresas acabam conseguindo trazer a modernidade e a agilidade necessárias para poder testar novas soluções de forma mais dinâmica e assim conseguir entregar valor. Uma vez que os serviços e aplicações em microsserviço passam a fazer parte da rotina do time de tecnologia o caminho da atualização do core passa a ser mais seguro e natural.

Diante desses insights, pudemos perceber que adotar o conceito de transformação digital é muito mais desafiador do que muitos líderes imaginam, mas, atualmente, isso não é mais uma opção, e sim uma questão de sobrevivência. E para sobreviver é preciso ser ágil, porque como já comentei por aqui a briga não é mais do grande contra o pequeno, mas sim do rápido contra o lento. E para ser ágil é fundamental poder ter sistemas e arquitetura que sejam aliadas. O legado existe e vai continuar por aí, mas os negócios que aprenderam a lidar melhor com ele certamente vão se diferenciar por conseguirem lançar mais soluções que se adequam a jornada do consumidor.

*Gustavo Caetano é CEO da Sambatech e Samba Digital

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