Como liderar quando a angústia é o novo normal?
Em um cenário cada vez mais incerto e complexo, estamos todos, sem exceção, com a percepção de ter perdido o controle sobre a própria vida.
Em um cenário cada vez mais incerto e complexo, estamos todos, sem exceção, com a percepção de ter perdido o controle sobre a própria vida – uma necessidade humana básica.
E o mundo do trabalho pode, e deve, ser um espaço de conexão, busca de significado e realização.
Para que isso ocorra precisamos de lideranças mais humanizadas e é isso que hoje vamos tratar.
Conexão – o começo
O quão próximo está dos seus liderados?
O quanto conhece suas histórias de vida?
Quais sonhos eles têm?
Que expectativas eles alimentam?
O quanto os valores pessoais deles estão conectados aos valores da organização?
O Gallup já comprovou, em pesquisa com 80.000 gestores em 400 diferentes organizações, que o bom relacionamento do colaborador com seu gestor é mais importante que a política de remuneração e benefícios.
Uma relação de confiança portanto precisa ser construída.
E a melhor equação que conheço para esta construção é esta:
(Credibilidade x Confiabilidade x Abertura) / Interesse Próprio
Sim: esta equação tem uma variável no denominador e três no numerador.
O interesse próprio, que fica sozinha no denominador, é a variável mais importante na Equação de Confiança.
Refere-se ao foco da pessoa: se está principalmente em si mesmo ou no outro.
O quanto respeita os liderados e se interessa, genuinamente, pelas preocupações deles?
Como é a sua escuta? Ativa? Atenta?
Você entende e respeita, verdadeiramente, opiniões e sentimentos?
O quão consciente é de seus objetivos e intenções?
Já a credibilidade tem a ver com as palavras que falamos.
Você é intelectualmente honesto? Sabe realmente o tema sobre o qual está falando?
A confiabilidade, por sua vez, tem a ver com ações.
Você cumpre o que promete?
A abertura refere-se a acessibilidade física e emocional, ao compartilhar de histórias de vida com total segurança, a dar clareza total do que espera.
Você cria oportunidades para que qualquer pergunta seja feita e prontamente respondida?
Somente em uma relação de confiança as trocas ocorrerão de forma autêntica.
E podendo conversar sobre qualquer tema, sem medos e vaidades, a conexão verdadeiramente ocorre e as respostas para quaisquer perguntas podem ser encontradas.
Mas atenção, não se engane: o líder humanizado não é “bonzinho”, mas sim respeitoso, consistente e coerente.
. É transparente e firme sim, mas adequando a forma ao perfil de cada profissional;
. Necessariamente toma decisões por meio de critérios claros, conhecidos e aderentes aos valores da organização;
. E respeita a individualidade, desde que esta não prejudique o todo !
Significado – o fio condutor
Os seus liderados estão engajados a “um projeto” ou “apenas um trabalho”?
Como eles fazem suas atividades? Com paixão, vontade e prazer? Ou no “piloto automático”?
Qual significado colocam no trabalho que executam?
Qual é a causa que move você, seu time, sua organização?
O nosso papel profissional ganha alcance e significado à medida que damos significado a ele.
O porquê fazemos o que fazemos?
Um líder humanizado promove sentido às atividades e projetos, bem como cria condições para que seus liderados desenvolvam seu potencial.
A clara compreensão dos sonhos de cada liderado, dos valores, necessidades e expectativas é uma boa base de onde partir.
Sem o filtro do julgamento, entenderá que nem todos estão lá para crescer com a empresa. E tudo bem… desde que esta desvinculação ocorra da melhor forma para ambos os lados – profissional e time/organização.
E com o time que comprou a mesma causa, sabe que o todo é maior que a parte e vibra com o sucesso uns dos outros… melhores resultados ocorrerão.
Realização – o reconhecimento pelo resultado
Quantas vezes não atingiu as metas e objetivos?
Quantas vezes o resultado ficou aquém do esperado – seja no prazo, qualidade e/ou custo?
Pois é, somente um time colaborativo, que tem certeza que fez o seu melhor, saberá lidar com um resultado não satisfatório.
Reconhecer erros, aprender com eles, encarar e resolver conflitos, reagir sob pressão e stress com sabedoria (e não explosivamente) levará o time para outro nível de comprometimento e realização.
O reconhecimento pelo resultado, buscando acertar, até mesmo quando não for brilhantemente alcançado, fará com que seu time – mesmo em um cenário mundialmente incerto e complexo – saiba que terá em você um líder com quem contar !
Este artigo foi inspirado no livro “Liderança e Espiritualidade – humanizando as relações profissionais” de Adilson Souza, que recomendo a leitura e no podcast “Walking your Talk” de Carolyn Taylor.