As raízes do movimento maker, o surgimento de uma nova cultura

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11:48 am - 15 de janeiro de 2019

Movimento Maker, Hackerspace, Fablabs, Makerspaces… Ainda me lembro, como se fosse hoje, o dia que participei, à convite de uma amiga, do primeiro evento Maker e, me reconheci, como um! Aquilo mudou de certa forma minha vida!
Muitos me perguntam: “Afinal, o que é um Maker?”

Na verdade, podemos dizer que o movimento Maker começou nos anos 70, com o artesanato Hippie, seguido pela revolução dos microcomputadores, que surgiram nas garagens das casas de jovens, que à exemplo dos Hippies eram autodidatas.

A indústria do consumo, o politicamente correto, a sustentabilidade, são gatilhos que estimularam pessoas a criar suas próprias soluções em diversas áreas. Alguns dizem que o movimento Maker é uma reação à desvalorização da exploração física e à crescente sensação de desconexão com o mundo físico nas cidades modernas. Muitos produtos produzidos pelas comunidades produtoras têm foco em saúde (alimentos), desenvolvimento sustentável, ambientalismo e cultura local, e podem, deste ponto de vista, ser vistos como uma resposta negativa aos descartáveis, à produção em massa globalizada, ao poder de cadeias de lojas, multinacionais e consumismo.

A expansão da Cultura maker, raízes do Movimento Maker, está diretamente associada à ascensão de Hackerspaces, Fab Labs e outros “Makerspaces”, os quais existem milhares ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Os Hackerspaces, permitem que pessoas com ideias semelhantes compartilhem ideias, ferramentas e qualificações. Com o surgimento das impressoras 3D, Cortadoras Lasers mais baratas e, outras ferramentas, esses espaços tornaram-se mais e mais convidativos.

As raízes do Movimento Maker partem da ideia de que pessoas podem criar, consertar e alterar objetos e produtos com suas próprias mãos. O grande intuito do movimento é, ao invés de comprar um produto, produzi-lo por conta própria. No entanto, muitos pensam que, Movimento Maker normalmente é atrelado a projetos de eletrônica e robótica. Porém, o termo DIY – “Faça você mesmo” engloba qualquer tipo de produto feito por você mesmo.

Assim, pessoas que produzam doces como “Brigadeiros Artesanais”, móveis feitos com madeira de reuso, brinquedos com sucata, e.t.c., também são considerados Makers!

Em 2016, participei de um encontro de um dia, organizado por um Maker Space, chamado Engenho Maker, que nos auditórios da FEI, discutia-se: o que é?, e quem é Maker?. Lá reuniram-se os principais seguidores do movimento em São Paulo, que através de eventos e sites, balizam as ações e servem de exemplo para novos seguidores.

Posso dizer que a polemica foi grande entre os participantes, mas ao final, todos saíram com suas mentes abertas e dispostos a incluir e divulgar as ideias a mais grupos, antes, não lembrados, no movimento.

Discutimos inclusive a monetização das criações, se os Makers deixariam de ser makers, porque passariam a criar produtos para a venda… Vejam como a assunto é complexo!

Mas, vamos continuar nossa definição do conceito!

Os espaços para criadores, makerspaces também estão presentes em escolas e Universidades mais tradicionais, com orientação técnica, como o MIT e Carnegie Mellon (especificamente em torno de áreas ” shop ” como o MIT Hobby Shop e o CMU Robotics Club). À medida que a cultura Maker se torna mais popular, os Hackerspaces e os Fab Labs estão se tornando mais comuns nas universidades e nas bibliotecas públicas. O governo federal Americano, começou a adotar o conceito de espaços de trabalho totalmente abertos dentro de suas agências, o primeiro dos quais (SpaceShop Rapid Prototyping Lab) reside no Centro de Pesquisas Ames da NASA. Na Europa, a popularidade dos laboratórios é mais proeminente do que nos EUA: Lá existem três vezes mais laboratórios.

Fora da Europa e dos EUA, a cultura  Maker (fazedor), também está em ascensão, com vários hackers ou fabricantes sendo destaque no cenário empresarial e educacional de suas respectivas cidades. Em Singapura, o hackerspaceSG, o Lamba Labs em Beirute, é reconhecido como um hackerspace onde as pessoas podem colaborar livremente, em uma cidade muitas vezes dividida por seus diferentes grupos étnicos e religiosos.  Xinchejian em Xangai é o primeiro hackerspace da China, que permite a inovação e colaboração em um país conhecido por sua forte censura na Internet. Esses são exemplos de espaços em países que sofrem com censura e até embargos e, mesmo assim, a cultura Maker se desenvolve.

No Brasil, temos muitos exemplos: alguns dias atrás, em minha viagem de férias de fim de ano, optei por uma cidadezinha do interior, de pouco mais de 10 mil habitantes, e descobri um espaço Maker na cidade ao lado, cidade com menor população ainda! Ou seja, não é só nas grandes capitais que encontramos espaços onde você pode dar asas a sua imaginação.

Com a ascensão das cidades, que vão acolher 60% da humanidade em 2030, hackerspaces, fablabs e makerspaces provavelmente vão ganhar força, pois estes são lugares para os empresários locais se reunirem e colaborar, fornecendo soluções locais ambiental, social ou econômica.

No livro The Maker Movement Manifesto, o autor Mark Hatch elenca alguns pontos do que é ser um maker. Afinal, a cultura vai muito além do fazer. Ele separa o manifesto em nove categorias. São elas:

Fazer : “Fazer é fundamental do que significa ser humano”, diz. Para ele, precisamos fazer, criar e nos expressar para nos sentirmos completos.

Compartilhar: “Você não pode fazer e não compartilhar”, diz Mark. Ele explica que compartilhar o que você fez é a maneira de completar o significado do que é ser um maker.

Doar: Mais do que compartilhar, Mark sugere dar o que você fez. “Poucas coisas são mais altruístas e satisfatórias do que dar algo que você fez. “O ato de fazer, coloca uma pequena parte sua no objeto. Dar o objeto para alguém, é como dar um pedaço de você mesmo”, completa.

Aprender: “Você deve aprender a fazer. Você sempre deve buscar aprender mais sobre como fazer”, diz. Ele sugere que o interessado aprenda sobre novas técnicas, materiais e processos.

Buscar Ferramentas certas: Ter as ferramentas corretas para um projeto é essencial para que o projeto dê certo. “As ferramentas nunca estiveram tão baratas e fáceis de usar”, afirma.

Brincar ou experimentar: Ao brincar ou experimentar com o que você está fazendo, será possível se surpreender, empolgar-se e se orgulhar de suas descobertas.

Participar: Integrar o movimento maker ao comparecer em seminários, festas, eventos e espaços traz conexões importantes.

Apoiar: Como todo movimento, a cultura maker também precisa de apoio — seja ele financeiro, político, emocional ou intelectual.

Mudar: “Abrace a mudança que irá ocorrer naturalmente na sua jornada maker”, diz. Até por isso, Mark sugere que qualquer um mude o manifesto inteiro, caso queira. “Esse é o ponto do movimento maker”, afirma.

Para completar essas definições eu, acrescentaria uma decima:

Inovar: Encontrar solução onde pessoas encontram problemas, ou seja, o lema do inventor. Vejo muitos que se dizem Maker, apenas reproduzindo projetos alheios e se vangloriando de suas “INVENÇÕES”.

Assim, criando ou recriando projetos, Makers ou aprendizes de makers, surgem aos milhares em nossa sociedade. Podemos esperar muitas soluções e invenções, que vão com certeza mudar nossas vidas em breve!

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