A importância da gestão e da governança em inovação

Quando se fala em inovação, é necessário compreender os modelos de gestão e as estruturas de governança para potencializar o valor das empresas

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por IBGC
4:31 pm - 19 de outubro de 2020
governança inovação

De forma simplista, a atividade executiva que antes denominávamos “administração” e hoje chamamos de “gestão” é a utilização efetiva dos recursos da organização buscando atingir seus objetivos. Governança corporativa, por sua vez, busca regular a relação de controle e poder entre os acionistas, executivos e conselheiros e, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), é um dos princípios geradores de valor no longo prazo.

Uma diferenciação importante é que a governança corporativa é um sistema de direção e controle e, portanto, não de execução. De forma resumida, a estrutura organizacional abaixo do CEO é a gestão, enquanto a estrutura acima dele – o conselho de administração, os comitês obrigatórios e os de apoio – seria a governança corporativa.

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A gestão e a governança da inovação devem atuar em conjunto na preservação e geração de valor das empresas. Quando se fala em inovação, é necessário compreender os diferentes modelos de gestão e as estruturas de governança para que possamos implementar as boas práticas e potencializar o valor da empresa.

No atual mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), não é possível dissociar geração de valor de inovação. E tratar inovação no âmbito da governança corporativa é assegurar que a cultura da empresa acolha ideias e pessoas inovadoras; que a gestão tem planos, recursos e metas destinados ao novo; e que o conselho apoia e premia os executivos em suas estratégias de inovação, lembrando que tais estratégias são de longo prazo e podem ou não gerar resultados. E é esse um dos principais papéis do órgão central da governança corporativa, o conselho de administração.

Entre as principais estruturas de governança, temos os comitês e órgãos de apoio, que apenas mais recentemente foram voltados à transformação digital e à inovação. O comitê de inovação tem se tornado o braço direito do conselho na formulação e acompanhamento de estratégias para estimular a inovação nas empresas.

A nova mentalidade requerida pelo conselho consiste em focar nos hábitos digitais e na jornada do cliente, em oposição à interação por meio dos canais tradicionais; servir e colaborar com os clientes, em vez de tentar persuadir o consumidor; e usar dados para gerar novo valor, em vez de apenas geri-los.

Já os modelos de gestão de inovação vão desde estruturas 100% internas (como as grandes áreas de pesquisa e desenvolvimento), passando por laboratórios de inovação (aceleradoras, incubadoras e polos de pesquisa) e chegando a estratégias externas voltadas a investimento e aquisições (como Corporate Venture Capital e plataformas de inovação aberta). Não há modelo certo ou errado, mas cada modelo exige uma estrutura de governança diferente.

É preciso considerar também que há vários tipos de inovação: a disruptiva, que implica na mudança do modelo de negócios sem grande salto tecnológico; a incremental, que gera valor sem alteração do modelo de negócios e sem um salto tecnológico; e finalmente a estrutural, que requer um novo modelo de negócios e uma nova tecnologia que o suporte.

Diante de tantos componentes envolvidos, a gestão e a governança da inovação tornam-se elementos fundamentais para garantir uma mudança profunda e positiva na cultura das empresas. Dispor ou não desses elementos pode ter impacto direto para a sobrevivência e rentabilidade das corporações. Trata-se de um caminho sem volta. Os investidores estão dispostos a pagar mais por empresas que possuem boas práticas de governança corporativa e que consigam alinhar a gestão e a governança da inovação com proposito único de geração de valor.

Ronaldo Fragoso é sócio da Deloitte a mais de 15 anos, tendo 30 anos de experiência em Consultoria Empresarial e Auditoria. Formação em Computação/Tecnologia – Mackenzie, pós-graduado em Administração e Economia, com mestrado em administração pela FGV. Diretor do IBEF (Instituto de Finanças SP) – Membro do Conselho Fiscal da JA (Junior Achievement), membro da Comissão de Compliance do ICC Brasil e Membro da Comissão de Inovação do IBGC.

Luiz de Luca é formado em Engenharia Elétrica pela FEI, graduado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie, pós-graduado em Marketing, Mestre em Administração de Empresas pela FGV com extensão internacional na Universidade McGill, Montreal, Canadá. Membro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), com atuação ativa na Comissão de Saúde e Comissão de Inovação. Atualmente tem desempenhado funções de Conselheiro de Empresas (Board of Directors) e de Advisor de Fundos de Private Equity para investimentos no Setor da Saúde. Tem participado de Projetos de Startups, Inovação e transformação empresarial.

Maria Carolina Santos é diretora de novos negócios da startup Colmeia, secretária do Conselho da ONG ARCAH e integrante da Comissão de Inovação e do grupo de trabalho de Mentoria de Startups do IBGC.

 

* Este artigo é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC

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