A Covid-19 vai quebrar o encanto das startups?

Startups vieram para ficar, pois têm vantagens que as grandes não conseguem superar. Mas o que esperar do futuro das startups no pós-pandemia?

Author Photo
por IBGC
3:00 pm - 13 de julho de 2020

Vou começar quebrando minha promessa feita no artigo anterior, de falar um pouco mais das fases pelas quais as startups avançam conforme elas crescem. Me permito fazer isto para não ser insensível ao questionamento recorrente do momento. Tornou-se frequente a pergunta sobre o que será deste segmento, então achei que seria mais oportuno refletirmos sobre a pergunta acima.

Antes das reflexões, vamos aos fatos que já mencionei e que continuam absolutamente válidos. As startups vieram para ficar porque têm vantagens que as grandes empresas não conseguem superar. As grandes organizações vão precisar cada vez mais delas como aceleradoras de seus modelos de negócio.

Em levantamento recente da plataforma Jupter, com o intuito de gerar um Mapa de Investidores de Startups pós-Covid, os dados iniciais mostram disponibilidade de investir e interesses de investimentos refletindo quase R$ 1 bilhão disponível e 95% dos respondentes ativos na busca por oportunidades de investimento. Outro levantamento recente da Astella confirma e reforça essa tese. O momento atual é promissor e traz uma oportunidade fantástica para diferenciar as boas startups das excepcionais.

Mas o que, afinal, define uma startup como excepcional? Diz-se que o pleno potencial decorre de vários aspectos: mercado, produto, gestão, sociedade, regulatório, entre outros. Minha experiência mostra que dois deles se destacam: estratégia e empreendedor.

Sem sonhar grande não há como ser excepcional. E sem empreendedores igualmente diferenciados também. Bons empreendedores superam dificuldades, mas os excepcionais movem montanhas. Vou me ater ao tema de hoje, mas dedicarei um artigo ao empreendedor futuramente.

Sem desconsiderar os fatores mercado e produto, que também considero fundamentais para o sucesso de uma startup, quero ilustrar com três situações recentes e públicas. A primeira, em artigos falando das dores e conquistas de duas empresas do setor de mobilidade urbana. Setores similares, estratégias distintas, sucessos distintos. A segunda, de uma HRTech no setor de recrutamento que captou R$ 40 milhões e não deixou de crescer um dia sequer, quando os noticiários alardeiam fechamento de vagas a todo minuto. E finalmente a terceira, de uma startup no setor aéreo cuja meta é disrupt the disrupted airline industry. Em comum, elas têm o fato de estarem acelerando mesmo na atual conjuntura econômica e social.

Em nosso caderno Governança Corporativa para Startups e Scale-ups, buscamos compilar práticas de governança corporativa para apoiar, principalmente, os empreendedores, sem perder o foco nos demais stakeholders (partes relacionadas) envolvidos com o tema. Para isso, definimos pilares nos quais as startups devem apoiar-se para avançar em sua jornada de crescimento:

  • Estratégia e Sociedade;
  • Pessoas e Recursos;
  • Tecnologia e IP (Propriedade Intelectual);
  • Processos e Accountability.

Não é coincidência que as primeiras práticas recomendadas ainda no momento zero da vida de uma startup sejam justamente as associadas ao pilar Estratégia e Sociedade, conforme está descrito no nosso caderno. Estabelecidos esses alicerces para a construção de uma startup excepcional, e seguidas as práticas de governança, não há como não chegar lá.

Enfim, a Covid-19 não vai quebrar o encanto das startups. Pelo contrário, só vai reforçar a teoria darwiniana da evolução e permitir que as tidas como excepcionais continuem a ter papel decisivo no futuro dos modelos de negócio que ainda estamos por conhecer.

*Giancarlo Berry é membro da Comissão de Startups e Scale-Ups do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)

*Este artigo é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC

 

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.