A catacumba do sucesso

Entrei, entusiasmado, na Catacumba e estou nela até hoje

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8:07 am - 27 de fevereiro de 2020

A área de Tecnologia da Informação dá mostras de exuberância desde o seu nascimento com os computadores digitais, na década de 1940. A tecnologia mudou, e segue célere mudando o mundo. A cada ano as disrupções causadas pela TI são mais frequentes e intensas. Um benefício adicional que essa indústria trouxe para a humanidade foi a criação de muitos milhões de empregos, sequer sonhados antes do surgimento dos computadores. A tão temida destruição de empregos tradicionais pela tecnologia, jamais aconteceu. Empregos que exigem mão de obra de baixa qualificação foram substituídos, com larga vantagem, por outros que exigem média ou alta qualificação. O saldo é altamente positivo.

A geração de empregos no segmento de TI cresce ano a ano. Aqui no Brasil, o oitavo maior mercado de TI e Telco do mundo, enfrentamos uma situação inusitada: mesmo com mais de 11 milhões de desempregados e começando a sair da maior recessão da história da nossa república, as empresas de TI não conseguem preencher suas vagas abertas hoje! Faltam profissionais qualificados.

A maior demanda é para as posições técnicas como analistas de sistemas, programadores, cientistas de dados e especialistas em segurança. Somente para essas carreiras estima-se uma demanda de 450 mil profissionais para os próximos cinco anos. Formamos em todo o Brasil pouco mais de 45.000 desses profissionais por ano, com qualidade duvidosa. O déficit é enorme, mas há oportunidade para os jovens também.

Além das carreiras técnicas, existem milhares de vagas abertas hoje nas empresas de TI em áreas não técnicas, como vendas, administração, finanças, etc.

A grande vocação do Brasil na área de TI sempre foi o software. Perdemos a oportunidade para a Índia, a China e outros países da Ásia. Dentre as causas do fracasso destacamos uma tresloucada reserva de mercado de 1974 a 1992, que impediu que fossem importados hardwares e softwares. Foi impossível criar uma indústria de desenvolvimento de aplicativos sem máquinas e softwares básicos de última geração. Outro fator foi o sofrível conhecimento dos nossos jovens em matemática e física, principalmente no ensino médio público. Essas duas disciplinas são fundamentas para a formação do pensamento lógico e analítico, base para a programação.

Ainda há tempo de buscar nosso lugar ao sol, pois existe uma previsão do surgimento de 500 milhões de aplicativos para os próximos cinco anos em todo o mundo. Podemos ter uma parte desse bolo.

Vários colegas meus de universidade que trilharam a carreira na TI foram premiados com uma carreira de realizações e muitas alegrias, como aconteceu comigo. A opção pela profissão não foi um movimento calculado, mas uma combinação de oportunidade e sorte.

No meu primeiro dia cursando Engenharia Eletrônica na PUC do Rio de Janeiro, na longínqua década de 1970, assistimos a uma aula de Introdução à Ciência da Computação (ICC). Ela foi ministrada no datacenter da Universidade, chamado de Rio Data Center (RDC). Fomos apresentados a um monstro chamado IBM /360. Essa CPU e seus periféricos como leitoras de cartões, fitas magnéticas, impressoras e discos ocupavam todo o subsolo do prédio. Logo o apelidamos de Catacumba. Entrei, entusiasmado, na Catacumba para assistir a aula e estou nela até hoje.

*Sergio Basilio é diretor Comercial da Westcon Brasil

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