A Black Friday e o Natal vão bem. E os seus dados, como passam?

Período de alta no comércio demonstra o despreparo e descaso dos estabelecimentos para evitar ações criminosas no acesso às informações dos clientes

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11:22 am - 23 de dezembro de 2019

O mundo do comércio e dos negócios acaba de passar pela Black Friday, evento que acontece na última semana de novembro e se fez presente em quase todos segmentos de negócios. As promoções acontecem desde o carrinho de pipocas até as grandes lojas de departamentos, passando por prestadores de serviços até poderosos bancos com faturamentos estimados em vários bilhões de reais.

É um momento em que é possível acompanhar todos os tipos de artimanhas para oferecer um “negócio de outro planeta”. Algumas lojas ofereceram descontos que chegavam a 85% num produto e, em muitos casos, o valor final era o valor normal do produto antes da promoção. Essa situação ocorreu com uma frequência maior do que se imagina.

Outro problema corriqueiro foi a cobrança de valores estratosféricos nas taxas de frete, com objetivo de recuperar as perdas de produtos ofertados com preços mais agressivos. Ocorreram ainda aqueles casos em que muita gente comprou um determinado produto e não recebeu. Isso porque a quantidade prometida não correspondia ao estoque existente, algo que uma simples integração entre os sistemas poderia resolver.

A vigência plena da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) está próxima. Faltam pouco mais de sete meses para ela entrar em vigor. Ou seja, esta foi o última Black Friday antes da lei valer 100%. Ainda pode-se dizer pouca coisa mudou e os dados coletados dos titulares de dados ansiosos por descontos não tiveram tanto valor assim. Por outro lado, algumas empresas mais preocupadas com a nova legislação se apressaram – nem tanto assim – para atualizar suas políticas de privacidade e os termos de consentimento para os cookies.

Agora faltam poucos dias para o Natal, época de festas e de muita expectativa para o comércio em geral. A quantidade de estabelecimentos comerciais nas grandes capitais é medida em milhares de lojas. Shoppings estão investindo pesado em campanhas de marketing e chamando os clientes para preencher cupons que dão direito ao sorteio de um super carro importado, viagens inesquecíveis para algum local paradisíaco e por aí vai.

A mínima chance de ser contemplado por um desses prêmios é trocada pelo preenchimento de um formulário eletrônico, ou em papel, que coleta dados pessoais como nome completo, CPF/RG, data de nascimento, telefone e e-mail de contato. Afinal, o objetivo é entrar em contato com o vencedor.

Não há problema algum com isso, exceto o fato de que, na maioria das vezes, esses dados são coletados incorretamente, sequer respeitando a legislação já vigente como o Marco Civil da Internet, que já previa os adequados termos de consentimento.

A principal dúvida e a mais importante diz respeito ao que será feito com estes dados, onde eles serão armazenados, quem terá acesso e por quanto tempo serão guardados, só para exemplificar algumas perguntas.

É lamentável pensar na possibilidade de vazamento desses dados em função de um acesso indevido ou que tais cupons terminem numa caçamba de lixo. Isso tudo justo numa era em que a informação é o novo petróleo!

 

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