2020, o ano que ninguém previu

Em meio a desafios de todas as ordens, mundo testemunha ainda corrida sem precedentes em busca de uma vacina contra o coronavírus

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por ABCD
9:37 am - 16 de dezembro de 2020
2020 economia Foto: Adobe Stock

A revista “Time” não teve dúvida: cravou em capa recente que 2020 foi o pior de todos os anos. Segundo a tradicional publicação norte-americana, o mundo já enfrentou crises anteriormente, mas nada que se compare ao atual momento e ao coronavírus. De fato, na história recente, parece ser consenso que nenhum outro evento tenha abalado de maneira tão contundente, e ao mesmo tempo, tanto a saúde quanto a economia global. 

Se assistimos do colapso de hospitais ao desaquecimento de mercados na fase mais aguda da pandemia, ainda no primeiro semestre, acompanhamos também ações conjuntas e uma série de medidas para atenuar os efeitos da covid-19.

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Internamente, além de linhas de crédito especiais, o Auxílio Emergencial, criado pelo Governo Federal, destacou-se. Criado para atender trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados, forneceu proteção emergencial a partir de abril. De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o benefício alcançou 107,11 milhões de pessoas em julho, mais da metade da população do país. 

Para além do alívio imediato, o Auxílio Emergencial desempenhou um papel importante também ao bancarizar milhões de brasileiros que antes não tinham acesso aos serviços bancários. Mais do que isso, incluiu essas pessoas no mercado de crédito. 

Com as medidas restritivas de circulação e o isolamento social, veio também a necessidade de reorganização de rotinas e trabalho. Com todos em casa, em home-office, tudo passou a ser resolvido no ambiente digital. Reuniões, transações financeiras, compras e até consultas médicas online aceleraram o processo de digitalização que já estava em curso, porém de maneira mais tímida. 

Nesse contexto, a inovação ganhou força em todos os segmentos. No setor financeiro, mesmo com a crise, o Banco Central seguiu com as propostas da Agenda BC#, e o PIX, sistema de pagamentos instantâneos, começou a operar em novembro. 

Dados do BC mostram que a iniciativa foi bem-recebida pelos brasileiros. Na primeira semana de operação, entre os dias 16 e 22, a novidade movimentou cerca de R$ 11,8 bilhões. Na esteira da modernização do sistema financeiro, o Open Banking seguiu dando passos largos para sua implementação e fecha o ano com início de sua primeira fase marcada para 1 de fevereiro. 

Em meio aos desafios de todas as ordens, o mundo testemunha ainda uma corrida sem precedentes em busca de uma vacina contra o coronavírus. Cientistas, farmacêuticas, governos e sociedade civil uniram esforços globalmente em busca de um imunizante. Com graus diferentes de sucesso e organização, de certa forma, todos os países já trabalham com a possibilidade de iniciar em breve um programa de imunização – o Reino Unido saiu na frente e é a primeira nação ocidental a autorizar uma vacina contra a covid-19, que já é aplicada na população.

Com uma possível segunda onda de infecções ganhando força no Brasil nesta reta final do ano, os primeiros desafios de 2021 já se desenham. Especialistas apontam que o fim do auxílio emergencial pode trazer de volta a desigualdade do país ao patamar dos anos 80, enquanto o mercado financeiro trabalha com a projeção de inflação de 4,21%. No entanto, também há perspectivas positivas no horizonte, principalmente as que apostam que a vacina tenha um impacto importante na reativação de setores fundamentais para a economia, como comércio, turismo e cultura. Dessa forma, esperamos alguns obstáculos, mas também um pouco de alívio pós-crise em 2021.

*Claudia Amira é diretora Executiva da ABCD – Associação Brasileira de Crédito Digital

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