Alfabetização digital é vital para conectar cidadãos na América Latina
Trabalhar para a alfabetização digital e promover a disponibilidade de serviços e conteúdos localmente relevantes serão itens fundamentais para conectar os 363 milhões de cidadãos da América Latina e Caribe que contam com cobertura de redes de banda larga móvel, mas ainda não estão conectados. É o que indicam relatórios desenvolvidos pela GSMA Intelligence a pedido do programa “Sociedade Conectada”, da GSMA.
Na América Latina e Caribe vivem cerca de 634 milhões de pessoas. Contudo, a lacuna de cobertura de banda larga móvel na região é relativamente pequena, já que apenas 10% (cerca de 64 milhões de pessoas) vive fora do alcance de uma rede 3G ou 4G. No entanto, somente 33% (207 milhões) das pessoas, atualmente, são usuárias de serviços de banda larga móvel. Isso significa que 57% (363 milhões de pessoas) contam com cobertura de redes de banda larga móvel, mas não estão conectadas.
Segundo os relatórios, será preciso ampliar a colaboração entre operadoras móveis e governos para estender os serviços de conectividade móvel e internet a milhões de cidadãos da região. A acessibilidade e a cobertura da rede também foram identificadas como outras barreiras importantes à inclusão digital na região.
Sebastián Cabello, diretor da GSMA para América Latina, observa que será necessário que governos trabalhem com a indústria móvel para enfrentar as barreiras que freiam a adoção e assegurar que a internet móvel seja mais acessível, útil e de fácil compreensão para todos.
De acordo com o levantamento, quatro importantes desafios foram mapeados na região que impedem a rápida expansão da conectividade. Veja abaixo:
1. Falta de conteúdos localmente relevantes
A análise de dados de tráfego web mostra que menos de 30% do conteúdo acessado na América Latina e Caribe se encontra em idiomas locais, apesar do predomínio do espanhol e do português na região. Além disso, o conteúdo disponível nas lojas de aplicativos e nos websites de operadoras móveis se relaciona, sobretudo, com o entretenimento.
Na pesquisa realizada junto aos consumidores observa-se que o conteúdo localmente relevante é um fator mais importante que o custo e outros aspectos, na maioria dos mercados.
2. Falta de competências digitais
Enquanto os índices de alfabetização básica na região são mais elevados do que a média global, as pesquisas mostram que ainda existe uma lacuna em relação aos conhecimentos e competências digitais. O estudo demonstra que a falta de infraestrutura TIC para aprendizagem e apoio à educação digital impede que muitos usuários móveis possam explorar os benefícios que a internet oferece.
3. Acessibilidade
A região da América Latina e Caribe tem o maior nível de desigualdade de renda no mundo. A acessibilidade é uma barreira importante para que as pessoas na base da pirâmide econômica adotem a internet. Para 40% da população com renda baixa, o custo médio total de propriedade móvel representa 17% de seu rendimento; enquanto para os 20% de maior renda representa somente 2%.
Uma das barreiras mais importantes à acessibilidade são os impostos sobre os serviços móveis, especialmente em certos países como Brasil e Argentina, onde os impostos para os consumidores representam mais de 30% do custo total de propriedade móvel.
4. Cobertura de rede
Oferecer cobertura de banda larga móvel para 90% da população da região foi uma grande conquista. No entanto, cobrir as áreas restantes, que contam com baixo índice demográfico (como cadeias de montanhas, florestas e ilhas) pode não ser comercialmente viável se não houver colaboração e algum tipo de associação público-privada.