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6 insights para uma transformação ágil efetiva

Somos tentados a realizar a transformação ágil focados somente no desenvolvimento de software, o que pode trazer algum ganho de produtividade. Contudo, a gestão de produtos e o serviço de entrega precisam da mesma carga transformacional para de fato conseguirmos experimentar as vantagens de trabalhar em plena colaboração e sinergia com a estratégia de agilidade.

A transformação ágil há de ser planejada e executada por profissionais das áreas de negócio, desenvolvimento e operações. Um time multifuncional tem a missão de otimizar a cadeia de valor com o intuito de realizar os desejos e as necessidades dos clientes.

Os livros “Kanban from the Inside“, “DevOps Handbook” e “Fit for Purpose” convergem no que diz respeito à necessidade de tratarmos as ideias e as demandas adequadamente na fonte, a fim de que o desenho da solução seja colaborativo, a implementação do software iterativa e incremental e a entrega do serviço personalizada, para encantar e fidelizar cada cliente.

A seguir peço sua atenção para analisarmos seis insights que acredito serem muito importantes para a efetividade da transformação ágil.

1) Ambidestria organizacional

A ambidestria organizacional, em pesquisa realizada na Objective Solutions, mostra a importância de abordarmos com equilíbrio a eficácia e a eficiência. A eficácia é alcançada quando transformamos ideias em produtos e serviços que trazem mais valor, mais rápido para os clientes e com melhor retorno econômico para o negócio.

É preciso ser capaz de fazer a coisa certa. Assim evitamos que a eficiência dos processos acabe limitada à implementação e entrega de produtos e serviços desinteressantes. Por isso, concluímos que devemos focar em atingir a eficácia, mas sempre buscando o equilíbrio com a eficiência.

2) Pirâmide invertida

Sem dúvida um dos maiores obstáculos na efetiva adoção do ágil é encontrado na estrutura organizacional que ainda é focada prioritariamente na otimização de recursos para alcançar a redução de custos.

Em estruturas funcionais conservadoras, especialistas geralmente são agrupados em silos que não se comunicam entre si, tão pouco colaboram efetivamente.

Entre os malefícios de estruturas pouco flexíveis, estão a perda de visibilidade do todo, o desalinhamento de objetivos estratégicos entre os envolvidos na cadeia de valor, além da indesejada variabilidade (Mura), que gera ora desperdício (Muda), ora sobrecarga (Muri) – conceitos vindos do Lean.

A pirâmide organizacional invertida é uma proposta que converge com a transformação ágil. Peter Block cita em seu livro Stewardship as experiências ao criar um ambiente centrado em pessoas com transferência de poder para os que realizam o trabalho ou estão em contato com os clientes.

Em vez de darmos poder aos chefes que comandam empregados e controlam seus resultados, precisamos criar ambientes onde todos sejam líderes servidores, que praticam a regência ao estimular a autonomia e a colaboração entre todas as pessoas e suas formas de se organizarem.

Na proposta pirâmide invertida, a direção serve a gestão com a estratégia, a gestão serve a operação com mentoria e coaching, e os três níveis interagem com os clientes em ciclos curto de aprendizado, construção e medição.

3) Melhoria e aprendizado contínuos

Como transformar uma organização tradicional sem propor que ela se reinvente repentinamente? A resposta está no Lean Startup, no VSM (value stream mapping) e no Improvement Kata. Em vez de uma metamorfose radical e milagrosa, propomos que a experimentação, a melhoria contínua e a disseminação de conhecimento sejam amplamente patrocinadas e promovidas por toda a organização.

Fonte: effectivesoftwaredesign.com

Entretanto, é preciso que o patrocínio seja abrangente, desde o CEO até os facilitadores operacionais. Além disso, é fundamental que haja comprometimento em alocar agentes de mudança providos pelas áreas envolvidas na cadeia de valor em transformação ágil.

Por que tantas empresas estariam interessadas em realizar sua transformação ágil?

De fato, na maioria das vezes, elas relutam ao máximo esse tipo de mudança organizacional. Isso porque transformar mexe com o status quo e incomoda os que pensam mais em disputa de poder do que em produtividade e inovação.

Segundo Peter Drucker, “a cultura come a estratégia no café da manhã”. Ou seja, a solução para que a conversão ágil seja plena, deve considerar ajustes na cultura organizacional com o propósito de promover a melhoria contínua, apoiada por monitoramento de métricas e mecanismos de previsibilidade.

4) Superação das disrupções

Quando a maioria de nós percebe uma disrupção de mercado, é porque ela já está em um estágio avançado. Procrastinar a mudança ágil em prol do status quo é comumente observado em organizações ainda pouco hábeis na geração de soluções efetivas.

Fonte: codigodelsur.com

Muitas empresas ainda se perdem no excesso de hierarquia e burocracia ao serem permissivas com o jogo de poder, ou mesmo ao ignorar sua crescente dívida tecnológica, representada por arquitetura de software ultrapassada e por sistemas monolíticos de difícil manutenção.

A propósito, vale citar duas disrupções de mercado que ocorreram na década de 2010 – operadoras de telefonia perdendo significativa fatia de mercado para aplicativos de mensagem e teleconferência, tais como o WhatsApp, Skype e Zoom; e as TVs por assinatura perdendo milhões de clientes para os serviços de conteúdo por streaming, como Netflix e Amazon Prime.

Se a disrupção é inevitável, então todas as organizações incapazes de evoluir e inovar em alta velocidade estão fadadas à extinção?

A resposta depende do apetite da concorrência e do grau de tecnologia envolvida na geração de valor.

A disrupção de produtos e serviços pode levar décadas como no caso da substituição dos combustíveis fósseis por super baterias, mas também pode levar poucos anos e chegar de  forma devastadora para as corporações lentas e inflexíveis. Dito isso, acabamos convencidos que é melhor começarmos a nossa transformação ágil o quanto antes, de forma gradual e sustentável.

Não basta somente ter competência em processos, é preciso primeiramente ser eficaz na gestão de produtos inovadores. Na maioria das vezes, um produto espetacular não surge da noite para o dia, mas sim é fruto de pesquisa de mercado, experimentação, aprendizado e adaptações frequentes.

Tendo em mente as valiosas publicações relacionadas à geração de produtos e serviços disruptivos, vale ressaltar a importância do Design Thinking e da UX (user experience) na construção de soluções promovidas pela forte colaboração com os clientes, através de ciclos curtos de experimentação e evolução.

5) Agentes da mudança ágil

Os “agilistas” são os agentes de mudança que acreditam e seguem os valores e princípios do Manifesto Ágil. Eles são capazes de alavancar os ciclos de transição ágil ao se empenharem na redução de desperdícios, promovendo um ambiente colaborativo para a ideação e  a prototipaçãoassim como geram competência na implementação e entrega de produtos.

Agentes de mudança devem ser protegidos do tradicional modus operandi em prática na entidade em mutação. Eles perseguem a excelência na relação com os clientes e fortalecem essa parceria ao torná-los aliados na construção de soluções encantadoras e desejadas por todos.

Configure um ambiente reservado e adequadamente equipado que suporte a implementação de processos e testes automatizados nas áreas de negócio, desenvolvimento e operações. Proporcione um clima de startup, onde prevaleça a ausência de culpa, que seja equilibrado, criativo e produtivo.

O time multidisciplinar de transformação será responsável por combater até reduzir significativamente as filas de espera, sempre em busca da redução do lead time, que é o tempo total entre a concepção da ideia e a disponibilização da solução para o cliente.

6) Assessment & Telemetria

Um conjunto efetivo de medidas transformacionais começa com uma avaliação do cenário atual. Um assessment irá levantar e avaliar a atual cadeia de valor, a gestão de produtos e projetos, assim como as soluções são construídas e disponibilizadas para os clientes.

Afinal, somos eficazes e eficientes ao atrairmos e fidelizarmos nossos clientes com as pessoas, os processos e as ferramentas disponíveis? Quais os atuais indicadores e onde queremos chegar? Qual o nível de maturidade ágil de nossos colaboradores e terceirizados? Comumente geramos valor ou desperdício?

A resposta que melhor endereça essas questões começa pelo autoconhecimento organizacional, segue por prover mapeamento de fluxo de valor, e em seguida, por criarmos um roadmap de ações ágeis, onde as iniciativas com maior prioridade e melhor retorno econômico serão experimentadas primeiro.

Enfim, como nos certificamos que a transformação ágil está gerando resultado positivo?

Como medimos os resultados quanto à efetividade das soluções implementadas?

Somos efetivos ao definirmos nossas metas e ao promovermos o engajamento necessário para conquistá-las?

Vale lembrar que a telemetria é um dos mecanismos que devemos lançar mão para nos adaptarmos com mais rapidez e precisão. Caso contrário, imagine dirigir um carro sem sensores quaisquer, ou mesmo navegar sem GPS. Portanto, faz-se necessário obter respostas mais rápidas de nossos clientes para satisfazê-los em plenitude.

Conclusão

Na transição ágil os agentes de mudança são orientados por consultoria especializada a fim de acelerar o aprendizado pela transferência de conhecimento, suporte na automação de processos e testes, e enriquecimento das competências e relações humanas.

O emprego dos métodos ágeis, como  XP (extreme programming), Kanban (pull system) e  Scrum, tem gerado inúmeros benefícios. Assim como, a partir de 2001, fortalecemos nossa base teórica através dos valores e princípios propostos pelo Manifesto Ágil.

Buscamos maior efetividade na transformação ágil ao contarmos com a mentoria e o coaching providos por consultores “agilistas”. A parceria frutífera com os consultores irá orientar e impulsionar a evolução da cultura e da estrutura organizacionais, que hão de se transmutar em ampla colaboração e dinamismo de fluxo de valor.

A efetiva transformação ágil nos torna mais resilientes a uma eventual disrupção. Portanto, em breve estaremos aptos em ajustar a estratégia, a visão e tudo mais que for necessário para nos adaptarmos antes das próximas disrupções. Melhor ainda, seremos os protagonistas das novas tendências de mercado.

 

(*) Iones Walter é Agile Coach da Objective

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